quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

"A existência do mundo só se justifica como fenômeno estético" (Nietzsche, do livro O nascimento da tragédia).

"(...) pode-se tentar recriar o mundo, construir em seu lugar um outro mundo, no qual os seus aspectos mais insuportáveis sejam eliminados e substituídos por outros mais adequados a nossos próprios desejos. Mas quem quer que, numa atitude de desafio desesperado, se lance por este caminho em busca da felicidade, geralmente não chega a nada. A realidade é demasiado forte para ele. Torna-se um louco; alguém que, a maioria das vezes, não encontra ninguém para ajudá-lo a tornar real o seu delírio" (Freud, do livro O mal-estar na civilização).

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Uma máxima muito interessante que li e que a reproduzo segundo a lembrança que me ficou dela:
"Se algo te aflige, não pense que a causa de tua aflição esteja neste algo: ela está sim no pensamento que tu fazes dele" (Marcus Aurélius).

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Também ouvi dizer que o filósofo Hume, já próximo da morte, teria tido um delírio, em que se passou mais ou menos o seguinte: Caronte, o barqueiro da mitologia grega, que vem fazer a travessia daqueles que partem da vida para a morte, teria vindo para buscar o filósofo, mas o encontra relutante em sua partida:
- Vamos, Hume, já está na hora.
- Mas já, Caronte? Me deixe ficar mais um pouco.
O barqueiro então lhe questiona:
- Mas por que você gostaria de ficar por mais tempo?
- Porque eu quero ensinar a virtude aos homens, respondeu o filósofo.
Caronte, então, lhe diz:
- Ah, Hume, você é esperto... Sabe que para isso você precisaria da eternidade!
Certa vez ouvi uma pequena estória que foi escrita, segundo me foi dito, pelo filósofo Voltaire: havia um homem sobre uma mesa de cirurgia e ao seu redor estavam vários outros homens que lhe infligiam diversas vivissecções, cuja finalidade era tentar descobrir os segredos, os mistérios, as verdades acerca do ser humano. Todavia, aquele que estava sobre a mesa ria, enquanto sofria tais intervenções. Teria dito o filósofo: este sou eu, alguém que ri diante dos muitos sofrimentos que me advieram, pois se assim não fosse passaria a vida chorando.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?
(Charles Chaplin)

sábado, 9 de outubro de 2010

"Creio que a experiência humana é mais rica do que qualquer uma de suas interpretações, pois nenhuma delas, por mais genial e "compreensiva" que seja, poderia exauri-la. Aqueles que embarcam numa vida de conversação com a experiência humana deveriam abandonar todos os sonhos de um fim tranquilo de viagem. Essa viagem não tem um final feliz — toda a felicidade se encontra na própria jornada" (Zygmunt Bauman).

sábado, 11 de setembro de 2010

As palavras

O alfa e o ômega... Princípio e fim de toda vida humana, as palavras...
Sem elas simplesmente não seríamos. Através delas somos esse animal complexo, pleno de dúvidas, ambivalente, instigante. Porque sonha e sofre as invectivas das circunstâncias, todas elas cheias de significados atribuídos por nossa pretensa (mas nem por isso vã) e infinita capacidade de definir tudo que desperta interesse...
Através das palavras, damos sentido à vida, inventamos até mesmo o inesperado. Sentimos através das palavras! Quanto maior o repertório de palavras, mais sentimentos são passíveis de coabitar nosso inconsciente. Mais intensos nos tornamos e, por extensão, sofremos ou nos regozijamos conforme a efusão de pensamentos que fazemos da realidade a que estamos ligados.
Quem julga sofrer sem saber definir a razão do próprio sofrimento, sem dúvida sofre; mas não na mesma medida quando se compreende os motivos do sofrer. Pergunte a um ignaro sobre as causas de seu sofrimento e bem poucas serão apontadas; pergunte a um sábio: tecerá tamanhas considerações sobre elas que verás sofrimento até mesmo onde antes não era visto.
Pois não se é triste ou alegre tão-somente por uma simples combinação de metabolismo, hormônios e serotonina. Sendo humano, define-se enquanto tal através do sentido dado à existência, apreendida pela representação que dela fazemos. E a palavra é o representante por excelência de tudo aquilo que nos liga ao universo social de nossas vidas.
Que belas palavras precedam os caminhos que iremos trilhar!

domingo, 15 de agosto de 2010

“Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti” (Nietzsche).
“A boca fala daquilo que o coração está cheio” (Jesus Cristo).
“O desejo é a metonímia do nosso ser” (Lacan).
“Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser cético” (Nietzsche).
“Quem aumenta o conhecimento, aumenta a dor” (Salomão).

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Enxergar aquilo que os outros não conseguem ver


Principalmente quando as distâncias se tornaram ausentes do cotidiano...
Sobretudo quando a exacerbação de detalhes nos tornaram cegos para as coisas mais belas...
Especialmente quando a vida pede a nossa imaginação em vez de nossas veleidades...

sábado, 8 de maio de 2010

quinta-feira, 6 de maio de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

domingo, 4 de abril de 2010

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Quando se acredita que é preciso acreditar

Pela primeira vez na história da humanidade, as crenças em geral estão deixando de ser um fato indiscutível para aqueles que crêem para se tornar um fato consciente, ou seja, acreditar tornou algo a ser perseguido e não mais algo que precederia o ser humano em suas convicções.
Sabe-se que as pessoas comuns, aquelas que não têm ou tiveram alguma oportunidade de ampliar seu horizonte intelectual, se apegam às suas crenças, superstições, rituais, fantasias etc., e que isso está muito longe de ser banido das representações coletivas de nossa sociedade. Também é provável que sejam pouquíssimas pessoas estudiosas que se limitem a um tipo de relação com o mundo ao redor de forma concreta/utilitarista. Entretanto, cada vez mais os indivíduos estão se dando conta de que acreditar em algo é um fato que deve ser atingido por alguma razão, porque se acredita que uma pessoa sem crença, ou o que chamam “ilusão” num sentido positivo, perde o sentido de sua existência. A consciência de que é necessário acreditar em algo é um fato inédito.
Antes de algumas poucas décadas atrás, as sociedades estavam organizadas de uma forma mais simples, quando dispunham de mecanismos sociais menos complexos para se atingir certos objetivos. De modo abrangente, o indivíduo de outrora tinha plena certeza, e uma certeza inconsciente, de que suas ações deveriam ser aquelas que correspondessem às suas convicções desde que ele percorresse o caminho estabelecido pelos mecanismos sociais ou os meios que determinavam a posição do indivíduo na sociedade. Junta-se a isso o fato de o tipo ou os tipos de crenças de épocas passadas fundamentarem as ações praticadas pelos indivíduos. Hoje, no entanto, está ocorrendo uma diversificação cada vez mais acentuada das crenças, porque de certa forma isso reflete o estado de incerteza de nossa sociedade devido à diversidade de caminhos que se pode trilhar sem, todavia, ter certeza de onde será possível chegar. Por essa razão, o fato de não se ter uma realidade favorável ao indivíduo, por ser absurdamente complexa, a necessidade de especular algum tipo de crença tornou-se uma das regras modernas – cada vez mais aparecem aqui e acolá seitas, sincretismos, vertentes religiosas e filosóficas que procuram responder às angústias humanas, só que geralmente com caráter extremamente passageiro: elas não conseguem dar sentido contínuo à vida moderna, dinâmica, mutável e incerta. Isso ainda quando as pessoas procuram um lugar que expresse um sentimento coletivo; em geral, as pessoas estão formulando para si receitas espirituais que tem como pano de fundo o individualismo que está sendo disseminado pela nossa sociedade. O efeito negativo disso é que, enquanto uma crença, por expressar sentimentos coletivos, possui o duplo sentido de fundamentar as ações individuais e de dar significado a elas, especular aquilo em que se deve acreditar denota uma sociedade cujas crenças estão esvaziadas de sentido e, portanto, de solidariedade, porque não mais fundamentam os caminhos que devem ser trilhados pelas pessoas de modo conjunto; por isso, o indivíduo está se vendo na difícil situação de ter de encontrar algum tipo de resposta, e uma resposta pessoal, que dê sentido a suas ações ao mesmo tempo em que começa a questionar se a resposta ou a crença encontrada de fato vale o sacrifício do tipo de vida que tem levado. Ou seja, acredita-se que é preciso acreditar em algo que possa dar sentido a sua vida, mas com uma convicção já abalada de antemão. Esse fato reflete um estado de incerteza latente a uma sociedade que tem distanciado os indivíduos que a constituem pela simples razão de não viabilizar princípios norteadores de ações solidárias e mecanismos concretos, mais fáceis de serem percebidos para que sejam os guias das ações humanas.
A esperança que fica é que as especulações a respeito da necessidade de acreditar em algo leve as pessoas a questionar a razão pela qual chegamos a uma tal situação e que, assim, novos tipos de relações sociais comecem a ser construídos.